Efeméride
20º aniversário do projeto Vela Sem Limites

home historias reais Ana

Orgulho justificado

Duas décadas de pioneirismo, altruísmo, amor ao próximo, muito trabalho em prol dos que mais necessitam. Uma das actividades mais marcantes e emblemáticas do Clube Naval de Cascais, o projecto Vela Sem Limites comemora, oficialmente, em 2025, o seu 20º aniversário. Todos os que contribuíram para que tantos beneficiem das suas valências estão, obrigatoriamente, de parabéns. E se, ao longo dos últimos vinte anos, muito aconteceu, e mudou, neste domínio, é da mais elementar justiça homenagear os seus principais impulsionadores, os três sócios do clube sem os quais, dificilmente, a vela adaptada seria uma realidade (ou a realidade de que, hoje, todos se devem orgulhar…) no CNCascais: Rosarinho Bello e Eduardo Corte Real, encabeçados pelo incansável Charles Lindley.

Numa efeméride tão especial, seria obrigatório recordar como tudo começou e evoluiu, fazer um balanço do trabalho realizado – e, claro, perspectivar o futuro. A Hippocampus associa-se em pleno a esta celebração, e logo em duas edições: na primeira, a que tem em mãos, elencando o que de mais importante aconteceu até à data; na segunda, a que à presente sucederá, apontando, fundamentalmente, ao muito que ainda é possível fazer nesta matéria. E, no caso em apreço, nada melhor do que fazer uso das palavras de Charles Lindley, indiscutivelmente aquele que continua a ser considerado o “pai” do projecto – mesmo que o seu envolvimento no mesmo, por decisão própria, seja, hoje, menor do que até há bem pouco tempo atrás, porque, também no seu entendimento, chega sempre o momento em que é necessário passar o testemunho, e dar lugar aos mais novos.

Os primeiros passos
Oficialmente, a Vela Sem Limites tem início a 21 de Junho de 2025, quando foi assinado o protocolo, que definia as competências de cada um os parceiros subscritores, entre o CNC, a Câmara Municipal de Cascais (CMC) e a CERCICA (Cooperativa para a Educação e Reabilitação de Cidadãos Inadaptados de Cascais), nas pessoas, respectivamente, de Miguel Magalhães, António Capucho e Rosa Neto. Assim trazendo para Cascais uma actividade com elevado potencial lúdico, terapêutico, desportivo e de competição, como, então, já havia sido comprovado em países como Inglaterra, EUA e Austrália.

Mas tudo começou cerca de um ano antes, como recorda Charles Lindley: “Numa altura em que já existiam, especialmente no Norte de Portugal, duas ou três dezenas de barcos Access, adaptados a pessoas com deficiência, trazidos por emigrantes portugueses na Austrália, que os distribuíram pelos clubes locais, o CNC recebeu a visita, em Maio de 2004, do Laion – um veleiro grande, confiscado numa operação de narcotráfico na Corunha, e convertido numa embarcação-escola para pessoas com deficiência. Saíram da Corunha rumo a Barcelona, com paragem em Cascais, onde foram recebidos no clube, com o apoio da CMC, por pessoas como Mário Matos Rosa, Bernardo Pinto Gonçalves e eu próprio, estando ainda presentes António Capucho, e Cristina Louro, da SNRIPD (Secretaria Nacional de Reabilitação e Integração de Pessoas com Deficiência). E foi ela que, em conversa comigo, pois já a conhecia, me perguntou: ‘Agora, que o Charles não tem nada para fazer, porque é que não arranca com a vela adaptada?’ Não achei má ideia, pois tinha deixado de ter funções no clube, depois de ter sido tesoureiro durante nove anos”.

Das palavras à acção, para montar um projecto estruturado, era imperioso encontrar, antes de tudo o mais, financiamento: “Embora um pouco desorganizada, a vela adaptada já não era novidade absoluta em Portugal, inclusivamente, o Bento Amaral tinha sido Campeão da Europa por duas vezes numa das classes Access. Como, por motivos profissionais, viajava para Inglaterra com frequência, aproveitei essa fase, entre 2004 e 2005, para visitar vários clubes, nomeadamente no Sul do país, e todos usavam os Access, pelo que ficou definido qual o barco que serviria esta actividade, Agora, precisava de dinheiro… Felizmente, à época, trabalhava muito com um importante empreiteiro chamado Seth, que me disse: “Se querem arrancar com isso, nós apoiamos”, e foram eles que compraram os primeiros três barcos, acreditaram em nós antes até de o protocolo estar assinado. E não foi pouco, de tal forma que, depois, patrocinaram a primeira regata de vela adaptada internacional realizada em Portugal. Foram fantásticos! Só faltava organizarmo-nos. E, com o envolvimento determinante da CMC e da CERCICA, fizemo-lo ao ponto de, um ano mais tarde, estar a ser assinado o protocolo”.

Desses primeiros tempos, há coisas que permanecem: “Graças à credibilidade que essas duas instituições nos proporcionaram, foi possível garantir patrocínios fundamentais, como os da Brisa e da Saúde Prime. Fui, entretanto, em busca dos equipamentos necessários, tínhamos um pontão que adaptámos, e… toca a andar! Na fase inicial, eram dois velejadores da CERCICA, o Ná e o António Carlos, e dois treinadores do CNC, o Diogo Corte Real e a Carolina Anjos, filha do Mestre Henrique Anjos. Foram os que estiveram na nossa primeira saída. Tínhamos dois barcos pequenos, de um lugar, e um de dois lugares; e um pontão, que era fundeado no meio na baía, e, de cada vez que era preciso fazer vela, puxávamo-lo para a rampa do Cais Norte, com uma pequena rampa para as cadeiras de rodas poderem entrar no pontão, com uma grua e tudo. Foi uma aventura! Também tive de encontrar voluntários, e arrancou-se assim... Entretanto, pedi ajuda ao Eduardo Corte Real e à Rosarinho Bello, que, literalmente, andaram comigo a levar tudo isto por diante durante muitos anos”.

Memórias inesquecíveis
Obrigatoriamente que, ao fim de vinte anos, são inúmeras as histórias que se podem contar ligadas à Vela Sem Limites. Mas o que destacaria especialmente? “Desde logo, a história da Kikas. Quando aqui chegou era nova, tinha esclerose múltipla, não conseguia utilizar as mãos, tripulava um Hansa eléctrico, e o Andrew e eu é que tratávamos da manutenção do barco aqui no clube, que tem um ambiente salgado, fazer a manutenção da parte eléctrica era complicado, mas lá conseguíamos montar o barco para ela. Velejava a solo, com um comando que simulava o comando de uma cadeira de rodas, fazia leme à esquerda e à direita, folgava e caçava a vela. Acompanhámos a Kikas durante quase dez anos, e assistimos à degradação, lenta de início, mais rápida no fim, do seu estado de saúde. Mas nunca deixou de sorrir, nunca se queixou de dores, e tinha-as, porque víamos na sua cara, mas nunca se lamentou. O importante, para ela, era andar de barco, e deixou em nós uma amizade e um sentimento fantásticos. Faleceu num mês de Agosto, quase ninguém estava por cá, mas, em Setembro, organizámos uma cerimónia de homenagem à Kikas, baptizámos com o seu nome o barco em que velejava, na presença do Padre Nuno, deitámos pétalas de flores no mar. Por aí, pode perceber-se a marca que eles deixam em nós!”.

Mas a vertente lúdica não é a única da vela adaptada, também inclui um lado competitivo. “É um facto. E outra coisa que fizemos foi formar uma equipa de competição, fizemos todas as regatas oficiais da classe Hansa e da classe Access em Portugal durante dez anos, não faltámos a nenhuma, incluindo na Madeira e nos Açores. Tivemos Campeões e Vice-Campeões durante todo esse período; vencemos dois Campeonatos da Europa e sete Campeonatos Nacionais. Os outros clubes não têm a intensidade da actividade que nós temos, não têm esta regularidade da vela para pessoas com deficiência. Só que, para nós, a pandemia foi terrível, a parte de competição foi-se abaixo”.

Passado, presente e o futuro
E que balanço pode ser feito destes vinte anos de Vela Sem Limites: “O balanço é a obra feita até hoje, que está ainda em pleno. Imagine-se os passos que tiveram de ser dados desde então, com um pontão e um contentor, eramos nós que fazíamos tudo. Com o crescimento, e o apoio da CMC e dos patrocinadores, fomos adquirindo barcos, até termos nove Access. Crescemos sempre até 2018. Depois, veio a pandemia, que foi um grande abalo, as instituições e as escolas tiveram imenso cuidado para não haver propagação da doença, nós não podíamos sair porque o barco levava o instrutor e o velejador ao lado, era impossível, a actividade quase que parou por completo. Mas há mais. Por exemplo, a nova sede do CNC não tinha acesso para deficientes ao 1º andar, foi a vela adaptada que arranjou dinheiro para equipar o clube com os equipamentos de acessibilidade, permitindo que o utilizássemos em dias de chuva, que as pessoas tivessem uma aula – uma brincadeira, jogos, mas saíam do seu ambiente. Com esta actividade, também demos vida constante ao clube durante a semana, inclusive ao bar, e ocupando os treinadores vários dias úteis por semana, e não só ao fim-de-semana, ajudando a fixá-los ao CNC”.

Segundo dados da Organização Mundial de Saúde, em 2023, existiam no mundo 1,3 mil milhões de pessoas (cerca de 16% da população) com deficiência significativa, valor que sobe para 19% considerando apenas os EUA, e para 27% em Inglaterra. Aplicando essa percentagem a Cascais, cuja população era, em 2021, de cerca de 214 mil pessoas, o número de cidadãos com deficiência rondaria os 34 mil. Como comenta estes dados? “Se olharmos para os números de 2005, a vela adaptada do CNC realizou 34 sessões, houve 236 saídas, e o contributo de 211 voluntários, e de 70 profissionais. E os números crescem até haver mais de 2150 saídas em 2018, antes da pandemia, o ano em que batemos o recorde. Tudo somado, desde o primeiro dia da Vela Sem Limites até ao final de 2024, tivemos 2154 sessões, 22 518 saídas, 19 680 utilizadores, 12 566 voluntários envolvidos, e 7173 profissionais que connosco colaboraram. São dados impressionantes, confirmados pela CERCICA, que todos os anos elabora um relatório acerca de todos os benefícios terapêuticos que a vela proporciona – algo muito importante, até porque as melhorias se notam nas pessoas. Contudo, comparando estes valores com o total previsto de pessoas com deficiência em Cascais, temos de reconhecer que ainda só alcançamos uma franja desse sector da população. Pessoas que precisam de sair das suas casas, das instituições que os acolhem, e nem se sabe quantos estarão, efectivamente, enclausurados. Só que esta não é uma modalidade fácil de abranger as grandes massas, no futebol ou no andebol para deficientes, por exemplo, é mais fácil alcançar mais gente. Na vela era um treinador para um velejador, agora já conseguimos levar oito velejadores num só barco, mas, mesmo assim, a dificuldade organizativa é enorme”.

E como antevê o futuro da vela adaptada? "O primeiro objectivo é voltar à competição. Aaiás, temos um apoio especial da CMC para isso, o Gonçalo Esteves conseguiu-o. Quanto ao resto, não sei como pode crescer, creio que estamos a chegar ao limite, não por falta de ‘mercado’, mas, basicamente, devido à logística, nomeadamente aos transportes, e à falta de dias disponíveis para a actividade, porque ao fim-de-semana o clube é para os sócios, já não há espaço para a vela adaptada. O que nos limita a quatro dias por semana, e nesse espaço temporal estamos a ocupar o dia todo das 9h00 às 16h00/17h00. A única forma que tem de crescer é espalhar-se por outras autarquias, por outras cidades, eu próprio ajudei a Associação Naval de Lisboa a arrancar com a vela adaptada em Lisboa, o CNC ajudou muitos clubes a iniciar esta actividade”.Por fim, ao final de duas décadas, o que guarda no coração? “As pessoas. São o mais importante. Até entrarem para a vela adaptada, as pessoas vêm de escolas, ou de instituições, onde, por norma, estão fechadas durante todo o dia. E, repente, deparam-se com uma baía aberta, são recebidas por voluntários de outra origem, com outro tipo de vida. Vêm dos locais onde, até, então, permaneciam todo o dia, todos os dias, e aqui respiram ar fresco, conhecem outras gentes, dão uma voltinha de barco. É transformador para eles, vêm todos com uma alegria extraordinária, e isto é gratificante. Super gratificante!”.

Momentos marcantes
Vinte anos volvidos sobre o início da grande aventura, são incontáveis os episódios que cada qual que na mesma participou guardará na memória. Mas momentos há que importará sempre recordar, pela importância especifica que tiveram para o projecto Vela sem Limites. Caso do I Encontro Vela Sem Limites, realizado em 2006, uma iniciativa que, ainda hoje, perdura, e é parte fundamental do calendário anual da classe; da entrega, a 26 de Abril de 2007, de uma viatura adaptada de nove lugares à CERCICA, para utilização no âmbito do projecto Vela Sem Limites, oferta da Fundação SIC Esperança, da BP e do Projecto Rock in Rio Lisboa 2006 (nas palavras de Charles Lindley: “a SIC Esperança acreditou em nós, abordei a Tita Balsemão e ela nem hesitou, disse que ia tratar do assunto e, passados três meses, chamou-nos à SIC, ainda em Carnaxide, tivemos a reunião, e ela concordou com os 50 mil euros que custava a carrinha”; da realização do mundial de vela adaptada em Cascais, o SETH IFDS Multihull World Championship 2008 (levado a cabo de 4 a 12 de Julho, contou com a presença de 28 velejadores, oriundos de de 12 países, sendo a equipa nacional composta por Bento Amaral, Tó Santos, e Bruno Pereira); ou, em 2009, do I Troféu Brisa, realizado em paralelo com a terceira edição do Encontro Vela Sem Limites, e, igualmente, ainda hoje, parte integrante do calendário desportivo do CNC.

Em 2011, o, à data, Príncipe Carlos, hoje S.A.R. (S.M.) o Rei Carlos III de Inglaterra, visitou o CNCascais, e a actividade da Vela Sem Limites (acabando a Rainha Isabel II por, em 2015, condecorar Charles Lindley, com a Medalha do Império Britânico, entregue, numa cerimónia realizada na sede do CNC, pela Embaixadora do Reino Unido em Portugal de então, Kirsty Hayes, pela sua dedicação e empenho no desenvolvimento e na divulgação da vela para deficientes em Portugal, ao mais alto nível internacional). O monarca, ao invés de entrar pelo acesso principal da sede CNC, por razões de segurança, acabou por entrar pela rampa do Cais Norte, e, a esse propósito, Charles Lindley recorda: “Bem à inglesa, os sapatos dele tinham biqueiras de aço à frente e atrás, para evitar o desgaste do couro, e, ao descer a rampa, que é toda de pedra, escorregou, e disse: ‘Oh Charles, não se importa?”, e dei-lhe o braço, que eu estava de sapatos de vela, com solas de borracha, que não escorregavam, e trouxe o rei para baixo. Acabou por passar 90% do tempo dele com a vela adaptada, e a falar com os deficientes. Foi muito importante, e deu muita credibilidade ao projecto”.

No que toca a equipamentos, referência fundamental ao pontão de apoio à vela adaptada, inaugurado em 2012, em simultâneo com o início da I Prova de Apuramento Nacional de 2012, no decurso da candidatura ao Instituto de Apoio e Financiamento ao Turismo de Portugal, – uma estrutura especialmente concebida para o efeito pela Lindley, com características especiais para o propósito a que se destina, e que tem sido de extrema importância para a vela adaptada, pelo que facilita o embarque e desembarque dos velejadores.
Já em 2013 tem lugar a I Taça Saúde Prime, mais um evento que se mantém até aos dias de hoje, e é essencial para o programa de vela adaptada do CNC. Não tendo sido menos decisiva a aquisição do catamaran Inclusion 6.5, um veleiro projectado por dois sócios do CNC (Frederico Cerveira e Nuno Fonseca), e construído em Portugal. Especificamente desenvolvido para a vela adaptada, sem perder de vista a beleza estilística, foi concebido para ser simples, seguro e confortável, e com uma notável acessibilidade. Com 6,8 m de comprimento total, um casco com 6,5 m de comprimento, uma boca de 4,0 m, um calado de 0,45m/4,45 m, e um peso-leve de 850 kg, conta com uma vela grande com uma área de 18 m2, um estai de 6 m2, e um gennaker de 20 m2 - atributos a que há que adicionar um outro não pouco relevante: a lotação de máxima de dez pessoas, incluindo quatro cadeiras de rodas.

Parceiros essenciais
Desde o primeiro momento, a Câmara Municipal de Cascais e a Cooperativa de Educação, Reabilitação e Capacitação para a Inclusão em Cascais têm sido, mais do que parceiros, cúmplices inseparáveis do projecto Vela Sem Limites. Passados vinte anos, importa saber o que pensam as duas instituições do trabalho já realizado, e do que poderá ser o seu futuro.
Nas palavras de Nuno Piteira Lopes, Vice-Presidente da CMC, “O balanço é bastante positivo. Apesar de muitos acharem que este é um projecto elitista, mostrámos o contrário. Este é um projecto que permite a todas as pessoas com deficiência do concelho de Cascais, independentemente do seu estrato social, conhecerem e praticarem esta modalidade através do projecto Vela sem Limites, que, ao longo destes vinte anos, apresenta um impacto significativo na vida de todos os que nele participam, bem como em Cascais, que já viu o seu nome levado a outros mares, o que nos enche sempre de orgulho. Este projeto é fundamental para Cascais e para os cascalenses, e mostra, mais uma vez, aquilo que queremos ressaltar: Cascais é de todos e para todos, sem exceção. Ou seja, ao fim de vinte anos, é um projeto consolidado, que tem resultados visíveis, com números expressivos, e é um projetco para continuar no futuro, e, até, para o reforçar. Esta é uma modalidade que oferece oportunidades de realização pessoal, desenvolvimento e aquisição de capacidades em diversos domínios, por isso, o que desejamos, tal como se disse na comemoração do 10.º aniversário do projecto, é que haja sempre bons ventos para esta fantástica iniciativa”.

Já Rosa Neto, Directora-Geral e Vice-Presidente do Conselho de Administração da Cercica, refere: “O Programa Vela Sem Limites teve início em 2005, fruto da parceria entre o CNC, responsável pelo enquadramento técnico da modalidade, a CMC, que oferece apoio institucional e financeiro, uma equipa de velejadores voluntários, e a CERCICA, que supervisiona, técnica e terapeuticamente, o programa. Tem proporcionado às pessoas com capacidades diferentes a prática semanal de uma modalidade náutica no concelho de Cascais, com elevado potencial lúdico, desportivo e terapêutico. A vela é uma modalidade inclusiva, podendo ser praticada por todos, independentemente da idade, género, experiência ou capacidade física e intelectual. Por essa razão, este programa tem atendido não só as Instituições de Apoio à Pessoa com Deficiência e Doença Mental do concelho, como também os Agrupamentos de Escolas e participantes particulares. No programa, são utilizados barcos denominados ACCESS, que, devido às suas características de acessibilidade, estabilidade e fácil condução, permitem aos participantes velejar com segurança. Para os velejadores com maior incapacidade, esses barcos ainda possibilitam o acompanhamento de um técnico, que, com toda a segurança, proporciona o simples prazer de velejar ou a oportunidade de aprender e controlar a embarcação, promovendo a autoconfiança. Em 2020, foi adquirida uma nova embarcação, o catamarã Inclusion, com o financiamento da Câmara Municipal de Cascais, com o objetivo de atender a um maior número de participantes. Todos os anos, a CERCICA realiza a avaliação do programa, sendo evidentes os seus benefícios.
O sentimento de pertença e orgulho gerado pelo programa em todos os envolvidos é imenso, e a sua continuidade é fundamental para impactar positivamente a vida dos jovens com capacidades diferentes, oferecendo-lhes não apenas uma atividade desportiva inclusiva, mas também uma plataforma para o desenvolvimento pessoal e social. A vela, como modalidade, tem-se mostrado uma ferramenta poderosa para fortalecer a autoconfiança, a autonomia e o sentimento de realização. Com esse compromisso, seguimos em frente, cientes da importância de criar cada vez mais oportunidades para o crescimento e a integração plena desses jovens na sociedade.
Continuaremos a avançar com passos firmes para garantir que o Programa Vela Sem Limites continue a ser uma referência no concelho de Cascais, contribuindo para o bem-estar e a valorização dos jovens com capacidades diferentes, proporcionando-lhes novas experiências e desafios que enriquecem as suas vidas de maneira significativa”.